Ben Paris é um escritor de ficção que tem vivido aqui em Salvador pelos últimos trinta anos ou mais. Ele é casado com uma baiana e mora no bairro de Itapuã.
Eu (Randy “Pardal/Sparrow” Roberts) administrei a Cana Brava Records – uma loja especializada em música brasileira autêntica – no Centro Histórico de Salvador por quinze anos. Vivo na Bahia há trinta anos e sou casado com uma baiana.
Antes de me mudar para o sul, vivi em Nova York e tive um negócio provavelmente único no mundo: eu “resgatava” royalties não pagos para compositores e intérpretes que estavam sendo lesados pelas gravadoras. Meus clientes incluíam Mongo Santamaria, Barbra Streisand, Philip Glass, Led Zeppelin, Airto Moreira, Astrud Gilberto, Wah Wah Watson (Melvin Ragin), Jim Hall, Robb Royer (Bread), The Cadillacs (Earl Carroll), The Flamingos (Jake e Zeke Carey), Aretha Franklin…
Aretha me ligou brava, achando que eu estava com o dinheiro dela; mas era a Atlantic Records que estava com ele e mantendo silêncio (eu tinha uma visão interna dos métodos e práticas comerciais da Atlantic; um dos meus sócios silenciosos havia sido diretor de royalties na Atlantic e na PolyGram). Allen Klein me ligou sobre os royalties da herança de Sam Cooke… mas não queria me pagar pelo meu trabalho na recuperação deles! Pelo que sei, ele nunca descobriu onde estavam. Conseguimos dinheiro para Cat Stevens (não me dou ao trabalho de pesquisar o nome atual dele) que nos deu o calote (ou talvez tenha sido o contador de royalties dele).
Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas incríveis e me diverti bastante. E descobri que as grandes gravadoras são criminosas. Agora vivo no Brasil, um povo maravilhoso e uma civilização incrível, em um país igualmente governado por criminosos que querem manter tudo para si.
Isso tem sido assim desde o começo aqui… e acredito que é por isso que a música é tão importante no Brasil. É uma pérola protetora criada por um mundo abrasivo, um diamante criado sob imensa pressão. Se o brasileiro médio vivesse como o suíço médio, há uma boa chance de que a música parasse em grande parte, mas não há chance de isso acontecer por muitos e muitos anos. O consolo continua…